quarta-feira, 18 de abril de 2012

A habilidade de perceber


       O mundo atual, sabe-se, anda bastante seletivo. Isso de uns seis, sete mil anos para cá. Darwin nos ensinou: vencem os mais qualificados, sempre. A “seleção natural” existe desde que o mundo é mundo. Resta-nos saber o que é ser qualificado. Depende do contexto. Antigamente, apenas os mais fortes fisicamente venciam. Depois, os mais inteligentes. Depois, os que conseguiam unir força e inteligência. Em outros tempos, os que tinham melhores padrinhos. O mundo avança e a percepção sobre o que é propriamente ser considerado “qualificado” também evolui. E hoje?
      Hoje – a realidade dos mercados mais diversos tem nos mostrado – vencem aqueles profissionais raríssimos que, mais do que “empregar a equação exata entre os pormenores da força (dedicação e alguma entrega física) e da inteligência (em suas mil facetas)”, ou muito mais do que aqueles praticantes da velha receita ditada à exaustão “ter estratégias para potencializar as ações, ter iniciativa e praticar ações empreendedoras etc.”, mais do que estes, vencem os que conseguem desenvolver uma especial habilidade (cada vez mais latente, urgente, pungente e insubstituível, embora ainda raríssima): a habilidade de melhor compreender o mundo em seu brevíssimo estado atual.
     Note que o termo “estado” denota a clara ideia de transformação constante. Nada mais é permanente, uma vez que sabemos que há no mundo agentes insatisfeitos, e que estes trabalham para mudar a realidade – e por serem maioria, sempre conseguem. Hábitos seculares perdem vigência, outros novos são incorporados sem que a princípio concordemos ou compreendamos, aparatos tecnológicos vêm e vão, transformações sociológicas e políticas se dão quase que diariamente: vence quem primeiro percebe, intelige e age sobre estas transformações.
      Como mera conclusão, percebemos então que o mundo tem evoluído (não necessariamente para melhor em muitos aspectos, já que evolução significa transformação e não melhoria) com uma velocidade tal que aqueles que compreenderem primeiro a resolução das mudanças e agirem na direção correta em consonância com essas mudanças vencerá nos novos cenários. Poderemos então perceber o conceito: melhor do que dizer “vence quem melhor compreende o mundo”, podemos dizer “vence quem primeiro compreende o mundo”. Já não há mais o mundo que é. Ele agora sempre está.
     Abra bem os olhos, dispa-se de conceitos engessados, analise diariamente os fenômenos que ocorrem em torno de seu negócio, tire suas conclusões e (principalmente) aja. Estar qualificado hoje não é só aquele que tem habilidades específicas para o seu ofício. Qualificado é aquele que, antes de habilidade, tem aguçada percepção sobre o mundo. Vence quem melhor compreende o mundo. Vence quem primeiro compreende o mundo. Faça por merecer.
* Palestrante Eduardo Peres – Palestrante, mágico e humorista, especialista em vendas, liderança e motivação de equipes para resultados. Foi Campeão Mundial de Mágica em 2000.