segunda-feira, 7 de abril de 2014

O Marketing Pessoal como Índole


           Nos anos 80, a disseminação da ideia de "marketing pessoal" se tornou bastante popular. Livros e mais livros (em linguagem para não-acadêmicos) divulgavam a ideia da "auto-promoção". Era um elogio à promoção individual das pessoas, isto é, estender o conceito de "promoção" da esfera institucional para a esfera pessoal.

         Ocorre que o conceito era frequentemente minimizado e banalizado, a ponto de as pessoas considerarem ações de "marketing pessoal", tão somente como cuidados com a aparência física. Roupas, barba, maquiagem etc. Alguns iam brevemente além, e citavam detalhes de comportamento como etiqueta em reuniões, jantares, bons modos ao responder a e-mails, delicadeza ao abordar clientes etc. Sinceramente, isso é pouco. É necessário que pensemos o "marketing pessoal" de uma maneira mais profunda.

         A ideia é associá-lo à "comunicação da nossa índole". É evidente que o cuidado com a sua aparência comunica valor (roupas adequadas e limpas, higiene e bons modos etc.). Mas o que conta mesmo é a impressão que o cliente tem de você ao fazer uma conclusão de sua índole, isto é, da sua "inclinação de intenções", isto é, do seu anseio verdadeiro de ajudá-lo e de sinceramente servi-lo. Se o cliente percebe em você que a sua intenção prioritária é mecanicamente vender (visando apenas a sua comissão), que as suas opiniões são parciais e não sinceras, e que a intenção é a de que ele compre a qualquer custo, certamente ele não confiará em você. Mesmo que você esteja muito bem vestido e perfumado. Você será visto como um profissional de "índole egoísta", isto é, alguém que prioriza o seu próprio interesse em detrimento dos interesses do outro.

         De outro modo, caso você consiga no relacionamento com seu cliente comunicar a ele (com palavras, gestos, intenções e mesmo com o "estado de espírito da sua presença") que a sua intenção é verdadeiramente a de ajudá-lo, que o seu objetivo é o de servi-lo com real interesse na auto-realização dele; e sobretudo que a sua sincera e íntima missão é a de conduzi-lo a uma condição de satisfação e felicidade, certamente o relacionamento frutificará bons negócios. Você será percebido como um profissional de "índole altruísta", isto é, alguém que prioriza o interesse do outro, deixando os seus próprios interesses como mera consequência dos interesses dele, cliente. 

         Essa é a simples ideia desta reflexão. Aperfeiçoe seu marketing pessoal pela sua essência pessoal, e não apenas pela sua embalagem. Comunique valor através de seus gestos. Comunique sinceridade em seu interesse de servir seus clientes. Clientes amam ser servidos por quem ama servir. É humano. É mais bonito. E faz bem para os negócios.



* Eduardo Peres é mágico, humorista e palestrante para treinamento motivacional. Foi Campeão Mundial de Mágica em 2000. www.eduardoperes.com.br.