Nos anos 80, a disseminação da ideia de "marketing
pessoal" se tornou bastante popular. Livros e mais livros (em linguagem
para não-acadêmicos) divulgavam a ideia da "auto-promoção". Era um
elogio à promoção individual das pessoas, isto é, estender o conceito de
"promoção" da esfera institucional para a esfera pessoal.
Ocorre que o conceito era frequentemente minimizado e banalizado,
a ponto de as pessoas considerarem ações de "marketing pessoal", tão
somente como cuidados com a aparência física. Roupas, barba, maquiagem
etc. Alguns iam brevemente além, e citavam detalhes de comportamento como
etiqueta em reuniões, jantares, bons modos ao responder a e-mails, delicadeza
ao abordar clientes etc. Sinceramente, isso é pouco. É necessário que pensemos
o "marketing pessoal" de uma maneira mais profunda.
A ideia é associá-lo à "comunicação da nossa
índole". É evidente que o cuidado com a sua aparência comunica valor
(roupas adequadas e limpas, higiene e bons modos etc.). Mas o que conta mesmo é
a impressão que o cliente tem de você ao fazer uma conclusão de sua índole,
isto é, da sua "inclinação de intenções", isto é, do seu anseio
verdadeiro de ajudá-lo e de sinceramente servi-lo. Se o cliente percebe em você
que a sua intenção prioritária é mecanicamente vender (visando apenas a sua
comissão), que as suas opiniões são parciais e não sinceras, e que a intenção é
a de que ele compre a qualquer custo, certamente ele não confiará em você.
Mesmo que você esteja muito bem vestido e perfumado. Você será visto como um profissional
de "índole egoísta", isto é, alguém que prioriza o seu próprio
interesse em detrimento dos interesses do outro.
De outro modo, caso você consiga no relacionamento com seu
cliente comunicar a ele (com palavras, gestos, intenções e mesmo com o
"estado de espírito da sua presença") que a sua intenção é
verdadeiramente a de ajudá-lo, que o seu objetivo é o de servi-lo com real
interesse na auto-realização dele; e sobretudo que a sua sincera e íntima
missão é a de conduzi-lo a uma condição de satisfação e felicidade, certamente
o relacionamento frutificará bons negócios. Você será percebido como um
profissional de "índole altruísta", isto é, alguém que prioriza o
interesse do outro, deixando os seus próprios interesses como mera consequência dos interesses dele, cliente.
Essa é a simples ideia desta reflexão. Aperfeiçoe seu
marketing pessoal pela sua essência pessoal, e não apenas pela sua embalagem.
Comunique valor através de seus gestos. Comunique sinceridade em seu interesse
de servir seus clientes. Clientes amam ser servidos por quem ama servir. É
humano. É mais bonito. E faz bem para os negócios.
* Eduardo Peres é mágico, humorista e
palestrante para treinamento motivacional. Foi Campeão Mundial de Mágica em
2000. www.eduardoperes.com.br.